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Masterclass com dez tipos de Gin

Cesar Adames, o maior especialista em bebidas do Brasil, promoverá no próximo dia 21 de Julho (terça-feira), às 19h30 na Casa do Porto (Al. Franca, 1225, São Paulo), uma Masterclass com as dez principais marcas de Gin disponíveis em nosso mercado.

E os participantes não terão apenas uma aula sobre Gin, a degustação seguirá no NOH Bar (R. Bela Cintra, 1709, São Paulo), onde serão servidos drinques com a bebida.

Durante a apresentação, Cesar ensinará sobre a origem do Gin, seus ingredientes, estilos e drinques clássicos.

Não percam! Não é toda hora que temos a oportunidade de comparar de uma só vez as dez principais marcas de Gin do mundo.

Valor: R$ 150,00 (apresentação/degustação/1 drinque com gin no NOH Bar)

Inscrições: (11) 3061-3003, com Nice

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Você Conhece a Taça ISO?

A Single Malt Brasil está presenteando os clientes com uma taça ISO italiana na aquisição de qualquer Glenmorangie em nosso e-commerce (www.lojadewhisky.com.br): Lasanta 12, Original 10, Original 10 com mini Nectar D’Or, Quinta Ruban 12 e Nectar D’Or 12. O único item de fora da promoção é o Glenmorangie Original com 2 copos.

Mas o que é e para o que serve essa taça ISO?

Existem vários copos ou taças a disposição dos amantes de destilados. Os copos Glencairn para whisky, por exemplo, possibilitam os apreciadores conversarem e dialogarem em sua plenitude com a bebida. O desenho da Glencairn foi concebido especialmente para permitir a maior capacidade olfativa dos amantes de whisky.

Entre tantas opções, entretanto, destaca-se a taça ISO. Perfeita para apreciar os sabores e aromas de whiskies, rums e cachaças, para citar alguns destilados. É a taça preferida dos profissionais de vinhos e destilados quando estão avaliando as bebidas de forma mais técnica. É ela que permitirá a dosagem ideal do destilado e a concentração dos aromas entre a bebida e a borda da taça.

Para um apreciador de whisky que busca entender melhor a bebida a taça ISO faz toda a diferença por: i) ter uma haste, para evitar que se passe calor da palma da mão para a bebida, ii) ter a boca fechada, para concentrar os aromas, e iii) ser transparente e incolor permitindo uma melhor inspeção visual do destilado.

Apreciar e degustar whiskies é uma jornada pessoal, rica em novas descobertas e prazeres. Não há certo ou errado nessa viagem individual, mas uma taça ISO ajuda bastante o amante desse nobre destilado a desvendar suas características e personalidades.

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Fatores que Influenciam o Sabor do Whisky — Parte 4: Alambiques

Por Michel Hansen

Continuando a série “Fatores que influenciam o sabor do whisky”.

A destilação é uma arte que remonta ao ano 3000 a.C, praticada pelos egípcios para a produção de perfumes e remédios e utilizando-se de pequenos potes feitos de barro. Na produção do whisky que conhecemos hoje, os potes de barro deram lugar a enormes alambiques feitos de cobre.

Tudo indica que os alambiques foram desenvolvidos pelos holandeses no final do século XVI e seu design, desde então, pouco mudou. O alambique nada mais é que um pote, ou caldeira, de cobre arredondado e aquecido na sua base. O cobre é o material ideal por ser maleável, ser ótimo condutor de calor e contribuir para a remoção de compostos indesejados do destilado através de reações químicas.

Para que ocorra a destilação, o mosto fermentado deve ser fervido até uma temperatura um pouco menor a 100 ºC. Como o ponto de ebulição do álcool (78,4 ºC) é menor do que o da água (100 ºC), o álcool se separa da água em forma de vapor. Esses vapores são coletados e resfriados, o que faz com que voltem ao estado líquido. O mosto é destilado duas vezes e, em alguns casos, três vezes, dependendo, obviamente, do caráter que se queira dar ao destilado.

Os whiskies de malte são normalmente produzidos por dupla destilação e para isso são utilizados dois alambiques. O primeiro, maior, é chamado na Escócia de alambique do mosto fermentado (wash still) ou nos EUA como alambique de cerveja (beer still), e o segundo, menor, alambique de destilado (spirit still). O primeiro tem a função principal de separar o álcool da água e o segundo de elevar o teor alcoólico do destilado, mais uma vez eliminado água da mistura, e separar o álcool de suas frações indesejáveis.

Um alambique tradicional é composto por três partes: o pote, o pescoço de cisne com o braço condutor e o condensador. O pote pode ter o formato de lanternas, lâmpadas, cebolas e peras. O pescoço pode subir, seguir reto ou apontar para baixo. Por serem montados de diversas formas, a combinação destas variáveis proporciona inúmeros resultados de aromas e sabores, contribuindo para distintos caráter de destilado. Por isso que, em cada destilaria, os alambiques possuem formatos diferentes dependendo do caráter de destilado a ser produzido.

No geral, os alambiques menores proporcionam maior exposição ao cobre, acelerando, com isso, as reações químicas. A velocidade da destilação também influencia no sabor do whisky à medida que mantém o vapor em contato com o cobre por um tempo maior ou menor. Quanto mais contato o vapor de álcool tiver com o cobre, mais puro e claro será o destilado. Os alambiques com pescoços longos e estreitos produzem um destilado mais leve e perfumado, ao passo que aqueles com pescoços curtos e largos produzem destilados mais oleosos e densos. Estes são pequenos exemplos de como a personalidade do whisky é influenciada pela forma e pela operação do alambique.

De fato, o alambique é uma das ferramentas mais importantes de uma destilaria. Sua forma, o número e a velocidade das destilações, a forma de aquecimento e a inclinação do pescoço, influenciam na qualidade do destilado. Analisar seus diversos aspectos e formatos bem como as funções de cada componente, merece um artigo à parte. A importância dos alambiques para uma destilaria é tamanha que, talvez até mais por superstição, quando chega ao fim de sua vida útil, todo esforço é feito para copiar o antigo, incluindo até pequenas imperfeições como forma de se manter a personalidade do whisky.

Michel Hansen
Atuando na área de tecnologia, seu interesse em se aprofundar no encantador mundo do whisky começa em 2011. Desde então, Michel Hansen vem procurando estudar e conhecer todos os detalhes sobre essa grande bebida. Assina o Blog “Desvendando Whisky” (www.desvendandowhisky.blogspot.com.br).

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Notas Dissonantes — Laphroaig Select

Por “O Cão Engarrafado”

Sem nenhuma dúvida, um dos maiores compositores da virada do século 19 foi Igor Stravinsky. Mais do que um excelente músico, o maestro desafiou dogmas seculares da música clássica. Seu trabalho revolucionou a estrutura rítmica da música erudita, e foi largamente responsável pela consagração do dodecafonismo e serialismo como técnicas de composição. Mas fique tranquilo, isso não é um texto sobre música clássica.

Além de gênio musical, Stravinsky era também um homem de bom gosto, e muito espirituoso. A prova disso é sua frase “Meu Deus, tanto gosto de beber whisky que as vezes penso que meu nome é Igor Stra-whisky”.

Mas nem sempre as coisas foram fáceis para Stra-whisky. Durante sua vida, muitos de seus trabalhos geraram enorme polêmica. A história mais conhecida é da estreia do ballet “A Sagração da Primavera”, que ocorreu em 1913 no Théâtre des Champs-Élysées de Paris, e foi uma das primeiras obras dissonantes do mundo. Já no início do espetáculo, a plateia assoviava e vaiava. Até que, em uma escalada de fazer inveja a qualquer torcida organizada de futebol, os ouvintes começaram a chutar-se mutuamente, aos berros, arrancando poltronas e as arremessando nas cabeças uns dos outros.

Enfim, um ballet tranquilo, com gente equilibrada.

Théâtre des Champs-Élysées depois do balé de Stravinsky

Um fenômeno parecido ocorreu recentemente com a Laphroaig, localizada na ilha de Islay, na Escócia, e famosa por seus whiskies com aroma defumado e bastante encorpados. No ano passado, a destilaria lançou o Laphroaig Select, uma versão mais democrática de sua obra já consagrada. E isso gerou muita polêmica entre seus fãs.

A maior crítica seria que a Laphroaig, ao invés de presentear seus fiéis com outra variação sobre o mesmo tema, teria preferido criar algo mais suave, menos encorpado e menos defumado. Um Laphroaig uma oitava acima. Na cabeça dos críticos, a ideia teria sido tentar agradar ao público ainda não fidelizado e aumentar as vendas da destilaria. Por conta disso, a reação de seus fãs foi também uma versão suavizada de “A Sagração da Primavera”. Sem descontrole físico-emocional e arremesso de cadeiras. Mas com muita gritaria.

No meu caso, a polêmica internacional despertou uma curiosidade quase doentia de experimentá-lo. Mas como sou fã de whiskies defumados, e especialmente da Laphroaig, imaginei que não passaria da primeira dose. Só que não foi o que aconteceu.

Se comparado às demais expressões da destilaria, o Laphroaig Select é, de fato, um whisky mais suave. Os aromas defumado e de maresia estão lá, só que mais discretos. E o sabor picante também, ainda que também suavizado, principalmente por conta da graduação alcoólica de apenas 40%. No entanto, o Select continua, sem dúvida nenhuma, a ser um Laphroaig. Tipo catupiry light. Continua sendo catupiry, só que mais leve.

Pensando bem, não. Catupiry light é qualquer coisa, menos catupiry.

Sério, o que é isso?

O Laphroaig Select é composto por um pouco de quase tudo que existe no atual portfólio da Laphroaig. Em sua fórmula estão o Laphroaig PX, maturado em barricas de ex-jerez, o QA Cask, que utiliza barricas de carvalho branco americano, o Triple Wood, que é uma versão do Quarter Cask maturada em barricas de jerez, bem como o clássico Laphroaig 10 anos. Estes whiskies, depois de combinados, são maturados em barricas virgens de carvalho americano.

É inegável que, assim como “A Sagração da Primavera” de Stravinsky o Laphroaig Select destoa dos demais whiskies da destilaria. Mas não vá lançando seu mobiliário nele só por conta disto. Experimente. Se você, como eu, é cachorro velho frente aos single malts de Islay, abaixe suas orelhas e reconheça: poucas vezes a Laphroaig produziu algo tão versátil sem comprometer a complexidade, e com um preço tão convidativo.

Agora, se você for um iniciante nos whiskies defumados, o Select é simplesmente imperdível para você. É sério. Se Igor tivesse experimentado, mudaria seu sobrenome para Laphro-vinsky.

Tipo: Single Malt sem idade definida
Destilaria: Laphroaig
Região: Islay
ABV: 40%

Notas de prova:

Aroma: medicinal e defumado, mas não tanto quanto o Laphroaig Quarter Cask ou o 18 anos. Aroma de madeira queimada e frutas cítricas.

Sabor: defumado e levemente cítrico (limão siciliano­), com capim santo, e final amargo e longo. Ao contrário da maioria dos Laphroaigs, há pouco defumado no sabor residual.

Com água: adicionando-se agua, o aroma defumado torna-se muito mais leve, e o limão siciliano fica mais evidente. O sabor de capim-santo também é ressaltado.

“O Cão Engarrafado” é Maurício Porto, advogado e colecionador de whisky. Seu interesse pelo destilado nasceu após uma viagem à Escócia, onde conheceu várias destilarias e o processo de fabricação de seus whiskies. Participou ainda de diversos cursos sobre a bebida, muitos organizados pela Single Malt Brasil (SMB) e pela Wine and Spirit Education Trust (WSET) de Londres. Assina o blog homônimo, “O Cão Engarrafado” (www.ocaoengarrafado.com.br).

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A Química do Whisky

A química por trás do whisky é bastante intrigante.

Compostos fenólicos contribuem com aromas e sabores enfumaçados e amargos. O cresol, da família fenólica, é que fornece as características medicinais encontradas, por exemplo, em maltes como o Laphroaig.

As lactonas encontradas nos barris de carvalho passam sabores e aromas amadeirados, de coco e apimentados. Os aldeídos também fornecem sabores e aromas amadeirados e apimentados, como as lactonas, mas além disso contribuem com características de cereais, vegetais e baunilha.

Os sabores e aromas frutados de pera, maça, banana, por exemplo, vêm dos ésteres. A maioria dos whiskies é filtrada a frio para retirar os ésteres, que quando resfriados se condensam deixando a bebida com um aspecto turvo.

Mais detalhes no interessante infograph abaixo.

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Fumaça Negra — Johnnie Walker Double Black

Por “O Cão Engarrafado”

Vou ser objetivo com vocês. Eu adoro qualquer coisa consumível que seja defumada. Isso inclui sólidos e líquidos. Quer me ver feliz? Faça um jantar que inclua, em algum momento, calabresa defumada, bacon ou salmão defumado. Ou os três. Com um bacontini. Sim, isso é um Martini com bacon.

Inclusive, há uns meses atrás, durante uma visita ao supermercado, achei que tinha feito uma descoberta que mudaria para sempre minha vida. Fumaça líquida. Fumaça líquida é uma espécie de essência, que você pode borrifar em cima de alimentos, para deixá-los com um certo aroma de fumaça. Ou seja, delícia líquida. Comprei logo dois vidros. Na minha imaginação, eu poderia defumar tudo agora. Pense em um hambúrguer defumado, com pão defumado, queijo defumado e alface defumado. Perfeito!

Não, não tem nada a ver. Mas a música é boa.

Meus primeiros testes com a fumaça líquida foram ótimos. Inclusive, fiz um espaguete com azeite, alho, pancetta, fumaça líquida e mais umas coisinhas que ficou bem decente. Só que aí eu comecei a ficar corajoso. E com a coragem, veio naturalmente a estupidez. Alguém aí já tentou iogurte defumado? Eu já, e é horrível.

Houve apenas uma coisa que eu não tentei defumar. Whisky. Não tentei porque, em um lampejo de consciência dentro da minha histeria defumatória, admiti que jamais produziria algo tão bom quanto, por exemplo, o Johnnie Walker Double Black.

O Double Black foi lançado em 2010, ano em que grande parte do porfólio da Johnnie Walker foi reformulado. De acordo com a marca, seu master blender, Jim Beveridge, teria utilizado o famosíssimo Black Label como ponto de partida, para posteriormente alterar sua fórmula, aumentando a participação de single malts provenientes da costa oeste da Escócia, famosos por seu aroma com caráter defumado.

Assim como o hambúrguer cem por cento bovino do McDonald’s, a composição exata dos single malts que compõe o Double Black é mantida em absoluto segredo. Entretanto, ao contrário da carne bovina, podemos especular que o Double Black contenha whiskies das destilarias Cardhu, Oban e Talisker, com uma generosa adição de Caol Ila e Lagavulin. Estes últimos provenientes da ilha de Islay, e famosos por seu aroma de fumaça. Bom, essa é uma hipótese. A outra é que Jim Beveridge borrifou fumaça líquida em um Black Label. Mas olha, se pudesse apostar, apostaria na primeira teoria.

O Double Black é um blend sem idade determinada. Ou seja, a garrafa não informa a idade do whisky mais novo na sua composição. Ainda que muitos considerem um demérito, o no-age-statement permite que se crie um produto mais consistente e regular, buscando sabores específicos, como é o caso do Double Black. Isso é uma tendência até entre single malts de peso, como o Dalmore King Alexander III e o Macallan Ruby (e aí, ainda acha isso um demérito?)

Eca, que nojo.

O Johnnie Walker Double Black possui aroma predominantemente defumado, mas com caráter também floral, doce e equilibrado. Se você está começando no mundo dos whiskies com aroma de fumaça, e está buscando algo versátil e ao mesmo tempo com bom custo-benefício, o Double Black é minha sugestão. Ou isso, ou compre um pouco de fumaça líquida e borrife sobre o mundo. Boa sorte!

JOHNNIE WALKER DOUBLE BLACK

Tipo: Blended Whisky sem idade definida
Marca: Johnnie Walker
Região: N/A
ABV: 40%

Notas de prova:
Aroma: frutado, levemente cítrico, com caramelo e leve fumaça. Lembra bastante molho barbecue.
Sabor: bem mais defumado do que o aroma, levemente picante, com final defumado e salgado.
Com Água: adicionando-se um pouco de água, o sabor defumado e picante fica menos evidente, e o caráter frutado e doce fica mais claro.

“O Cão Engarrafado” é Maurício Porto, advogado e colecionador de whisky. Seu interesse pelo destilado nasceu após uma viagem à Escócia, onde conheceu várias destilarias e o processo de fabricação de seus whiskies. Participou ainda de diversos cursos sobre a bebida, muitos organizados pela Single Malt Brasil (SMB) e pela Wine and Spirit Education Trust (WSET) de Londres. Assina o blog homônimo, “O Cão Engarrafado” (www.ocaoengarrafado.com.br).

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Fatores que Influenciam o Sabor do Whisky — Parte 3: A Turfa

Por Michel Hansen

Continuando a série “Fatores que influenciam o sabor do whisky”.

De todos os fatores que influenciam o aroma e o sabor do whisky, a turfa certamente é o mais característico e evidente.

Antigamente, boa parte dos whiskies escoceses eram “turfados”, em consequência do uso da turfa na secagem da cevada maltada. Com o tempo, fontes alternativas para realizar esta secagem foram surgindo e a turfa, pouco a pouco, deixada de lado. Como resultado, os whiskies também foram se tornando cada vez menos “enfumaçados”.

Os whiskies de sabor fortemente defumado ficaram um tanto fora de moda já que a preferência dos apreciadores caminhou na direção de destilados mais suaves e frutados. O que vemos hoje, entretanto, é o ressurgimento de um forte interesse nos whiskies enfumaçados.

A turfa nada mais é do que o acúmulo de matéria vegetal parcialmente carbonizada, normalmente encontrada em áreas alagadas e húmidas. Estes “pântanos” começaram a se formar há cerca de 10.000 anos e podem chegar a 10 metros de profundidade.

Na Escócia, as turfeiras abrangem mais de 12% do total do território. Depois de ser retirada, cortada e seca é usada como combustível em algumas atividades. Na indústria do whisky a aplicação está em seu uso para gerar os vapores quentes que secarão a cevada, interrompendo assim o seu processo de germinação artificial.

Com baixo poder calorífico, a turfa possui alto teor de umidade e quando queimada gera uma fumaça que seca parcialmente o malte e o impregna com um aroma defumado característico, também chamado de aroma turfoso. A duração do processo de secagem da cevada maltada, a partir de fornos com turfa, é que ditará a intensidade dos sabores e aromas “enfumaçados” encontrados em um whisky.

As substâncias que dão sabores e aromas defumados ao malte são chamadas fenóis e medidas em partes por milhão (ppm). Whiskies com forte sabor defumado, como Lagavulin e Laphroaig, têm cerca de 35 ppm de fenóis. Já o Ardbeg, ainda mais “turfado”, tem aproximadamente 50 ppm. O malte mais enfumaçado já produzido é o Octomore, da destilaria Bruichladdich, com uma concentração de 167 ppm de fenóis.

Recentemente, a procura pelos whiskies defumados tem aumentado. Como reflexo do interesse dos aficionados em obter um sabor marcante para o seu whisky, algumas destilarias retomaram a tradição de usar a turfa na secagem da cevada. Estão produzindo, dessa forma, uma bebida que remete às origens da produção de whisky, com aromas e sabores terrosos, fuliginosos, defumados e de alcatrão.

Os whiskies enfumaçados e turfados têm uma legião de fãs no mundo inteiro, mas seus sabores e aromas podem ser um desafio aos apreciadores menos experientes e iniciantes.

Michel Hansen
Atuando na área de tecnologia, seu interesse em se aprofundar no encantador mundo do whisky começa em 2011. Desde então, Michel Hansen vem procurando estudar e conhecer todos os detalhes sobre essa grande bebida. Assina o Blog “Desvendando Whisky” (www.desvendandowhisky.blogspot.com.br).

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Degustação Dirigida de Glenfarclas em São Paulo

Estaremos de volta a São Paulo com mais uma degustação de whisky.

Desta vez vamos aprender um pouco mais sobre a Glenfarclas, tradicional destilaria de Speyside ainda controlada de forma independente pela família de seus fundadores.

Whiskies a ser degustados: Glenfarclas Heritage, Glenfarclas 10, Glenfarclas 12, Glenfarclas 15, Glenfarclas 21 e Glenfarclas 30.

Distribuição de brindes e sorteio de uma garrafa de Glenfarclas 10.

Com Alexandre Campos, colecionador de whisky com cursos em diversas destilarias e formação avançada em destilados pela Wine and Spirits Education Trust (WSET).

Data: 25 de abril (sábado)
Local: Enoteca Saint VinSaint, Rua Prof. Atílio Innocenti, 811, Vila Nova Conceição, SP
Horário: 16h30 às 19h
Informações: loja@singlemalt.com.br
Valor: R$ 230

Inscrições pelo site da Single Malt Brasil: http://www.lojadewhisky.com.br/ListaProdutos.asp?IDLoja=24143&IDProduto=4811797

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Fatores Que Influenciam O Sabor Do Whisky — Parte 2: A Água

Por Michel Hansen

Continuando a série “Fatores que influenciam o sabor do whisky”.

A Água

Um dos principais requisitos para a construção de uma destilaria é que ela esteja localizada perto de uma boa fonte de água.

As destilarias necessitam de muita água para fabricar whisky. A maioria delas usa água de nascentes. Porém, fontes de lagos e sistemas de fornecimento de água de cidades também são usados.

Apesar de, dependendo do tipo de água, haver um ligeiro impacto na eficiência durante o processo de fermentação, há uma grande corrente de autores e especialistas que afirmam que o papel da água seja secundário e pouco relevante para o sabor final de um whisky.

Entretanto, como quase tudo que cerca a produção de whisky é recheado de crenças, onde acredita-se que qualquer mudança em um processo possa alterar o sabor final da bebida, a água de cada destilaria é protegida como um patrimônio inestimável. Se existe o risco de uma fonte secar durante o verão, a destilaria prefere interromper a produção e devotar algumas semanas à estação silenciosa, de manutenção anual e férias, do que substituí-la. Todos os esforços são válidos para manter a personalidade da principal água utilizada no processo de produção da bebida.

E são muitos os seus usos. A maior parte é utilizada nos condensadores. A água fria que passa por estes aparelhos arrefece e condensa os vapores de álcool. Já o primeiro contato com a bebida propriamente dita é no processo de infusão, que desperta a germinação da cevada. Depois, mais água é utilizada na maceração.

Até aqui, é possível que a água utilizada influencie tanto? Por exemplo, se a água utilizada passar por campos de turfa, ela transmitirá o caráter turfado ao whisky? Difícil mensurar, principalmente se o malte for turfado. Esta característica já foi bastante absorvida durante a própria maltagem. E há vários whiskies que utilizam água turfada e o produto final é uma bebida com pouco, ou nenhum resquício de turfa. Aí entra a corrente dos especialistas que acreditam que as características presentes na água não sobrevivam ao processo de destilação.

Por outro lado, uma influência mais evidente é notada à medida que a água continua sendo utilizada em mais e mais processos. Nos alambiques, uma interação complexa entre água e álcool ocorre. A proporção entre os dois se altera. O teor alcoólico sobe, atinge o pico e então, declina. Isso influencia o sabor da bebida. O álcool sai do alambique com uma concentração em torno de 70%. Na Escócia, a graduação padrão antes do envelhecimento é de 63,5%. Então é preciso reduzir o destilado com água antes dele ir para os barris. Depois, para o engarrafamento, com um padrão de 40% (há variações), é preciso reduzir outra vez. Mais água!

Como se pode perceber, a água está presente em todos os processos de fabricação do whisky, da infusão ao engarrafamento. É difícil crer que de uma forma ou de outra ela não influencie o sabor final da bebida. Pense que o simples fato de servir a sua dose on the rocks ou diluída com água mineral altera o sabor do whisky puro no copo. O gelo ou a água reduzem um pouco mais a graduação alcoólica, alterando a gama de sabores. Eu sou da corrente que acredita que em um ciclo inteiro de produção a água acaba por ter uma influência no sabor final do whisky.

Michel Hansen
Atuando na área de tecnologia, seu interesse em se aprofundar no encantador mundo do whisky começa em 2011. Desde então, Michel Hansen vem procurando estudar e conhecer todos os detalhes sobre essa grande bebida. Assina o Blog “Desvendando Whisky” (www.desvendandowhisky.blogspot.com.br).

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A Sociedade do Whisky Escocês

Por Danilo Cembrero, nosso mais novo colunista.

Já imaginou um lugar onde você possa provar centenas de whiskies single cask (provenientes de um único barril)? E ainda por cima escolher whiskies provenientes de mais de 130 distintas destilarias? Em Edimburgo, capital escocesa, a Scotch Malt Whisky Society (SMWS) torna esse sonho uma realidade.

Foto: Dean Marinello

Curiosidade é o que deu os primeiros passos para a formação da SMWS. Curiosidade de um grupo de amigos que se reunia em Edimburgo em meados da década de 70 para provar os diferentes sabores de whiskies vindos diretamente de seus respectivos barris de carvalho.

O primeiro barril adquirido pelo grupo veio da destilaria Glenfarclas. Os amigos filtravam o conteúdo do barril através de um pano de musselina e engarrafavam o precioso líquido em garrafas de whiskies vazias. O que mais surpreendia e encantava o grupo era o fato desses whiskies serem mais saborosos e complexos que os que eles conheciam e encontravam disponíveis no mercado.

A Sociedade, que no início da década de 80 já contava com cerca de 50 pessoas, passou a comprar mais barris para compará-los e assim foi surgindo e se formando a SMWS. Em 1983, o grupo decidiu então abrir filiação ao público em geral e os membros originais se tornaram acionistas da nova empresa.

Foto: Dean Marinello

Todos os whiskies da Sociedade são engarrafados diretamente de seus barris de carvalho com os teores alcoólicos originais (entre 50-60% ABV). Esses whiskies passam então por um filtro áspero, diferentemente da maioria dos whiskies disponíveis no mercado, que são reduzidos em teor alcoólico pela adição de água e filtrados a baixas temperaturas, processo chamado de chill-filtration.

Por conta de um acordo comercial com as destilarias, os whiskies da sociedade trazem em suas garrafas numerações para suas identificações. Os números nos rótulos correspondem às destilarias das quais vieram os barris de carvalho — não é objetivo da Sociedade competir com as os whiskies das próprias destilarias. Vale também citar que os whiskies da Sociedade estão disponíveis apenas para seus membros, sendo, assim, impossível comprá-los de varejistas.

Foto: Dean Marinello

Na primeira sexta-feira de cada mês, a Sociedade envia aos seus membros um folheto contendo os whiskies recentemente engarrafados, geralmente de 8 a 35 barris diferentes. Newsletters, que são chamadas de Unfiltered, também são emitidas para todos os membros quatro vezes por ano e incluem matérias sobre destilarias, histórias do mundo do whisky, assim como informações atualizadas sobre a SMWS e eventos de whisky sediados no Reino Unido.

Os convidados dos membros podem usar ainda as instalações da SMWS — os vaults em Leith e a sede na Queen Street, ambos em Edimburgo, e o salão na Greville Street, Londres.

Foto: Dean Marinello

Apesar de todos os benefícios da Sociedade, o que realmente intriga e continua a trazer novos membros para o grupo é o fato de que o lugar é uma “meca” para os amantes de whisky. Além da linda decoração e infinidade de whiskies a serem provados, existe também sempre alguém disposto a dividir um copo de scotch e conversar por horas sobre a bebida, é claro. O bar na sede da Queen Street é aberto ao publico em geral e uma ótima dica para aqueles que visitam Edimburgo.

A SMWS tem franquias espalhadas em países como os EUA, Japão, Bélgica, Austrália, Suécia, França, Itália, Taiwan, África do Sul, Áustria e Alemanha. Há também um salão para membros da Sociedade na Suíça, que tem funcionamento sazonal. Infelizmente, a SMWS ainda não decidiu se aventurar por nossas terras, mas com o aumento da procura por whiskies de single malte no Brasil isso pode acontecer em um futuro próximo, vamos ficar de dedos cruzados!

Mais informações na página da SMWS: www.smws.com

Danilo Cembrero é um whisky ambassador, formado em comunicação social e escocês de coração. Apaixonado por whisky, mora na Escócia desde 2013 onde segue provando os mais deliciosos maltes. Escreve com o pseudônimo de “Mr Whisky” e pode ser encontrado diariamente para uma rodada de drams em Edimburgo ou em www.themrwhisky.com.

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