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Glenmorangie Lasanta 12 com Maurício Salvi

É amanhã a degustação de Glenmorangie com Maurício Salvi, uma parceria Whisky em Casa & Single Malt Brasil. O evento contará também com a participação especial de Maurício Porto, O Cão Engarrafado, e Alexandre Campos, consultor da Single Malt Brasil.

Aproveitamos o oportuno momento para ver o que Maurício Salvi tem a nos dizer sobre o Glenmorangie Lasanta 12, e um pouco dos demais whiskies da linha Glenmorangie.

A versão Lasanta é um clássico do core range da destilaria. Envelhecida em uma combinação de barris ex-Bourbon e ex-Vinho Jerez Oloroso ao longo de 12 anos. O Lasanta 12 é um single malt non-chill filtered (não filtrado a frio), com teor alcoólico  de 46%. Notas predominantes de passas, panetone e especiarias.

Notas de Degustação

Aparência: Castanho-avermelhado.

Olfato: Ricos aromas de cravo, canela e especiarias em geral. Caramelo, mel, chocolate e passas.
Paladar: Encorpado e com sabores de barris de vinho Jerez, passas e nozes. Notas de laranja e manteiga.
Fim de boca: Longo. Predomina avelã, laranja e chocolate.

Conclusão: Excepcional. Rico, complexo e balanceado.

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Um Pouco do Glenmorangie Quinta Ruban 12

Antecipando o que irá acontecer neste sábado na degustação comentada de Glenmorangie em Campinas, uma parceria Whisky em Casa & Single Malt Brasil, descreveremos um pouco o espetacular Glenmorangie Quinta Ruban.

Glenmorangie é um dos single malts escoceses mais premiados do mundo e sua versão Quinta Ruban uma das mais apreciadas do core range da destilaria. Envelhecida em uma combinação de barris ex-Bourbon e ex-Vinho do Porto ao longo de 12 anos, o Glenmorangie Quinta Ruban é um single malt non-chill filtered (não filtrado a frio), com teor alcoólico  de 46%. Suave, tem equilíbrio entre sabores doces e secos.

Os sabores e aromas do Quinta Ruban formam uma combinação perfeita. O chocolate e menta se mesclam perfeitamente com o perfume de tangerinas cristalizadas, noz-moscada e geleia de limão.

Bill Lumdsen, Whisky Maker da Glenmorangie, nos comenta um pouco sobre o que se pode encontrar no sensacional Quinta Ruban.

Notas de Degustação

Aparência: Avermelhado.

Olfato: Rico e complexo. Nozes, especiarias, frutas secas, figo e laranja.
Paladar: Denso e licoroso. Menta, chocolate, passas, panetone, cravo e gengibre.
Fim de boca: Longo. Predomina chocolate e frutas secas.

Conclusão: Excelente. Complexo e equilibrado. Talvez o melhor malte da família clássica da Glenmorangie.

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Macallan 1824 Series

Macallan é Macallan.

A linha 1824 da Macallan, que veio substituir no Brasil a linha Fine Oak, é baseada na coloração natural (natural colour) dos seus maltes advindas do processo de maturação em barris de carvalho que envelheceram previamente vinhos Jerez (barris ex-Sherry).

É o tipo de madeira que definará o sabor de cada malte da 1824 Series. E a Macallan é extremamente  rigorosa na escolha dos barris a maturarem seus whiskies. De cada dez barris apresentados a Macallan, apenas um é escolhido para receber os maltes da destilaria.

No Brasil chegam três versões da 1824: Amber, Sienna e Ruby. O Macallan Gold (100% Sherry carvalho americano) está de fora, por enquanto.

O Macallan Ruby é 100% Sherry carvalho europeu. Já o Amber e o Sienna são combinações ex-Sherry carvalho europeu e americano, mais sherry carvalho americano para o Amber e mais sherry carvalho europeu para o Sienna. Os nomes dos rótulos refletem a cor dos maltes resultantes desse processo de maturação nessas combinações de barris.

Amber é um whisky floral, cítrico, e que ganha notas de baunilha. No paladar, maçã verde e limão se misturam com canela e algumas notas de gengibre. O final é longo com frutas vermelhas, cítricas e baunilha.

Ruby apresenta notas de frutas secas e cítricas. O carvalho espanhol é nítido no aroma. Na boca, gengibre, noz-moscada, chocolate, uva passa e panetone. Uma pitada de cravo. O final do Ruby é longo predominando frutas secas e nozes.

Já o Sienna pode ser considerado como uma bela combinação entre Ruby e Amber.

Mais sobre a 1824 Series no vídeo com Maurício Salvi, Maurício Porto e Gianpaolo Morselli, Embaixador da Macallan no Brasil.

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Maurício Salvi & Alexandre Campos — Glenfarclas 10

Maurício Salvi recebeu Alexandre Campos em seu canal para comentarem um pouco sobre o Glenfarclas 10, um dos maltes clássicos de Speyside. Vocês ainda verão essa dobradinha em muitos próximos vídeos.

Glenfarclas é um dos maltes mais apreciados de Speyside e um dos raros na Escócia predominantemente envelhecido nos caros e prestigiados barris de ex-vinho Jerez. A Glenfarclas foi fundada em 1836 e adquirida em 1865 por John Grant, sendo uma das poucas destilarias escocesas ainda controlada de forma independente por um grupo familiar.

Vamos as impressões desses nossos dois colaboradores. E até a próxima.

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Maker’s Mark, um icônico bourbon artesanal

O sabor suave e a produção artesanal são os diferenciais deste grande bourbon

Reconhecido mundialmente por sua característica e produção artesanal, o bourbon Maker’s Mark, produzido há mais de 50 anos em Loretto (Kentucky, EUA), é considerado um verdadeiro bourbon premium graças, entre outras peculiaridades, à sua receita, criada em 1943.

Diferentemente da composição dos bourbons tradicionais, o Maker’s Mark não possui centeio na sua formulação, e sim, trigo. Além do milho e cevada maltada, que também fazem parte da receita dos bourbons tradicionais. A substituição do trigo pelo centeio na receita faz toda a diferença para dar suavidade e leveza ao destilado.

Com coloração âmbar, o Maker’s Mark tornou-se um dos bourbons mais admirados entre apreciadores de whisky, connaisseurs e bartenders. O sucesso é fruto de um processo produtivo minucioso, que segue à risca os mais rigorosos padrões de qualidade.

A produção é feita em pequena escala que não ultrapassam 19 barris por lote. O Maker’s Mark é envelhecido por cerca de sete anos, e depois de engarrafado é então selado com cera vermelha na rolha. Todo este processo torna cada garrafa única e exclusiva.

A seguir um vídeo do nosso colaborador Maurício Salvi descrevendo um pouco as notas de degustação do Maker’s Marke e tecendo diversos e interessantes comentários sobre este nobre destilado.

Sobre o Maker’s Mark

A garrafa icônica e a cera no gargalo definem o cuidado que a marca tem na produção de cada garrafa deste bourbon. Desde a primeira unidade vendida, em 1958, cada garrafa é mergulhada à mão em cera vermelha, o que faz com que cada garrafa pareça, ligeiramente, diferente uma da outra.

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Chivas Brother’s apresenta seu novo blend exclusivo: Chivas Extra

Maltes raros envelhecidos em barris de xerez compõem o novo label do scotch de luxo, o próximo passo ao já reconhecido Chivas Regal 12 anos

Chivas Regal, o primeiro whisky de luxo a ser lançado no mundo, apresenta Chivas Regal Extra, seu novo rótulo desenvolvido desde 2007, quando foi criada a edição exclusiva do Chivas 25 anos. Completando a sua coleção de super premium blended whiskies, o Chivas Regal Extra é uma seleção especial de whiskies maturados em barris de jerez Oloroso, os mais caros da indústria, e usados para envelhecer vinhos fortificados na região sul da Espanha, juntamente com os mais raros maltes de Strathisla. O resultado é um blended complexo para os apreciadores que procuram algo mais em um whisky.

Chivas Regal Extra estará disponível nas principais lojas a partir deste mês e traz em sua composição maltes selecionados pessoalmente por Colin Scott, Master Blender da marca, que conta com o single malt Strathisla, o DNA em termos de sabor do portfólio de Chivas, associado a uma seleção de alguns maltes raros de destilarias que estão temporariamente fora de operação na Escócia. Strathisla é a destilaria mais antiga da Escócia e onde são produzidos todos os produtos da família Chivas.

“O nome Extra da nova edição do Chivas vem da combinação criada por Colin Scott, proporcionando uma experiência única aos apreciadores de whisky. O resultado é um scotch de sabor mais complexo e características marcantes, como fragrância de nozes, destilado encorpado e aromático”, explica Rafael Souza, Gerente de Grupo das marcas Brown Spirits da Pernod Ricard Brasil.

Os barris de jerez do tipo Oloroso vêm de adegas provenientes do triângulo dourado, da Andaluzia, na Espanha. Esse tipo de barril é raro e existem poucas quantidades disponíveis no mercado. O Jerez  Oloroso é o mais saboroso e premium do mercado.

“Chivas Extra é extremamente saboroso e delicado ao mesmo tempo e por isso pode ser apreciado por quem busca mais sabor e novas experiências através de um legitimo whisky escocês. O novo blend também é ideal para o público feminino por apresentar aroma frutado, notas de chocolate ao leite, canela e toque de gengibre em seu paladar caramelizado”, completa Rafael.

Chivas Regal

É o resultado de mais de dois séculos de história, da combinação de um lugar único com a obsessão de seus inventores em descobrir a fórmula ideal para o legítimo scotch. Seu primeiro capítulo, escrito e protagonizado pelo pioneirismo dos irmãos James e John Chivas, determinou o sucesso da marca, com a instituição de um whisky escocês produzido única e exclusivamente a partir de três ingredientes naturais — cevada maltada e grãos, água de fonte natural e levedura. Uma linhagem orgulhosa de produtores de whisky deu continuidade a essa história e consolidou o mito de Chivas Regal — um blended whisky excepcional que contém uma mescla de whiskies escoceses de malte e grãos selecionados artesanalmente até os dias de hoje. A família Chivas Regal, famosa por sua suavidade e seu sabor rico e aveludado, inclui Chivas Regal 12, 18 e 25 anos.

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Ilustre Desconhecido — Dewar’s White Label

Por “O Cão Engarrafado”

Vou contar algo para vocês. Adoro Velozes e Furiosos. E não estou falando só do último filme, Furious Seven, que presta homenagem a Paul Walker. Gosto de todos. E ainda que eu utilize como pretexto minha paixão por automóveis, a verdade é outra. Acho os filmes divertidíssimos.

Gosto, inclusive, daquele que se passa no Brasil. Quer dizer, que em tese se passa no Brasil. Adoro aquela cena de perseguição entre Crown-Victorias da Polícia Civil (!), dois Dodge Charger e um cofre enorme, que se passa em uma ponte. Aliás, essa ponte parece ser qualquer coisa, menos a ponte Rio-Niterói. Realmente, é impressionante o trabalho de pesquisa que a galera de Velozes e Furiosos fez antes de produzir o filme.

Conte-me mais sobre os V8 da Polícia Civil do Rio de Janeiro...

É preciso coragem para assumir esse mau gosto. Porque, na verdade, a maioria dos filmes da franquia é péssima. Eles são mal dirigidos, mal produzidos e bem bregas. E ainda que alguns atores sejam ótimos, no geral, a atuação é horrível. Exceto pela Gal Gadot. A Gal Gadot não precisa atuar.

Mas mais coragem ainda é necessária para assumir meu gosto — ou melhor, respeito — discutível pelo whisky Dewar’s. E não estou falando do Dewar’s Signature, ou do 18 anos. Aliás, não estou falando nem da versão de 12 anos, que é um whisky bem razoável. Não. Refiro-me ao Dewar’s White Label. Mas não me julgue ainda. Continue lendo.

O Dewar’s White Label é a prova que marketing funciona. Na verdade, não. O contrário disso. Ele é a prova de que a ausência de marketing não funciona. É que ele é o blended whisky mais consumido nos Estados Unidos. Lá não há nenhuma fama ruim ligada ao Dewar’s — ainda que ele custe quase o equivalente a um almoço para dois no McDonald’s. Por lá, a Bacardi investiu pesado em propaganda, inclusive veiculando anúncios durante o Superbowl, espaço publicitário mais caro do mundo. Além disso, produziu peças publicitárias ótimas, com excelentes atores, como Claire Forlani (a mocinha de “Encontro Marcado” e “Reflexos da Inocência”) e com Sean Connery, que, com uma cara ambígua, diz uma frase ótima: “algumas coisas envelhecem. Outras, amadurecem”.

Mas por aqui, por conta da completa ausência de propaganda, aliada à contestável aparência da garrafa e ao preço baixo, o whisky ficou, diremos, famigerado.

É até irônico, isso. Porque como ele é barato e relativamente desconhecido por aqui, ninguém fala dele. Por conta disso, ninguém o experimenta também. Afinal, pouca gente ficaria intrigada por algo barato e desconhecido. E isso é ainda mais irônico porque o perfil de sabores do Dewar’s casa perfeitamente com o da maioria dos brasileiros. Um whisky leve, com toque cítrico e bem fácil de ser bebido. Além disso, ele é um dos poucos whiskies que melhora significativamente quando tomado com pedras de gelo, a forma mais comum do brasileiro beber whisky.

O Dewar’s White Label é um blended whisky sem idade definida, composto por mais de quarenta whiskies, entre single grains e single malts. Seu principal malte é o Aberfeldy, produzido pela destilaria homônima das highlands. Além dele, o Dewar’s White Label leva os single malts Aultmore, Craigellachie e Royal Brackla, todos pertencentes ao grupo Bacardi.

Uma característica curiosa e incomum do processo de produção do Dewar’s é conhecida como Double Ageing. Neste processo, o blend, depois de composto, é devolvido a barricas de carvalho, para que passe mais seis meses, antes de ser engarrafado. De acordo com a atual master blender da marca, Stephanie MacLeod, esse processo torna o whisky mais harmônico e equilibrado.

Sean concorda

O White Label é também um dos blended whiskies mais antigos do mundo. Em meados do século dezenove, John Dewar foi a primeira pessoa a engarrafar — em vasilhames de vidro — blended whiskies, para venda. Em 1899, seu filho, também chamado John, e proprietário da destilaria Aderfeldy, criou, com a ajuda do master blender A. J. Cameron, aquele que seria o blended whisky mais famoso da Dewar’s, o White Label.

Durante sua vida secular, o Dewar’s White Label recebeu mais de cem premiações. As mais atuais incluem medalha de ouro pela Scotch Whisky Masters, medalha de prata pela Spirit Design Masters, e medalha de prata na International Wine and Spirits Competition, todos recebidos no ano de 2014.

Ainda que o White Label não seja o melhor whisky para quem está buscando complexidade, com profundidade e corpo e caráter, ele é provavelmente um dos melhores whiskies para ser tomado em situações casuais. Ou seja, as melhores situações. Nesse sentido, ele é quase como Velozes e Furiosos. Fácil e divertido, mas sem a cara do Vin Diesel. É um whisky que está pronto para agradar a todos. Basta que lhe seja concedida uma chance.

DEWAR’S WHITE LABEL

Tipo: Blended Whisky sem idade definida
Marca: Dewar’s
ABV: 40%

Notas de prova:

Aroma: Floral, com mel e amêndoas.
Sabor: Sabor leve, de mel e baunilha. Final médio e doce.
Com água: Com agua, o whisky fica ainda mais floral, e o final ainda mais curto.

“O Cão Engarrafado” é Maurício Porto, advogado e colecionador de whisky. Seu interesse pelo destilado nasceu após uma viagem à Escócia, onde conheceu várias destilarias e o processo de fabricação de seus whiskies. Participou ainda de diversos cursos sobre a bebida, muitos organizados pela Single Malt Brasil (SMB) e pela Wine and Spirit Education Trust (WSET) de Londres. Assina o blog homônimo, “O Cão Engarrafado” (www.ocaoengarrafado.com.br).

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Glenfarclas Heritage com Maurício Salvi

Maurício Salvi analisa em detalhes o Glenfarclas Heritage.

Fundada em 1836 e adquirida em 1865 por John Grant, a Glenfarclas é uma das poucas destilarias escocesas ainda controlada de forma independente pela família Grant há seis gerações.

Glenfarclas é um dos maltes mais apreciados de Speyside. Seus alambiques são aquecidos com fogo direto, quando a regra na Escócia é o aquecimento com vapor. Tal aspecto torna seu malte diferenciado em termos de complexidade e oleosidade.

Os whiskies da Glenfarclas levam uma grande proporção de maltes envelhecidos nos caros e prestigiados barris de ex-vinho Jerez. Na versão Heritage predomina mais barris ex-bourbon, mas a junção com barris ex-jerez o torna bem equilibrado e balanceado em termos de aromas e sabores.

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Kavalan Solist Vinho by Salvi e Campos

A destilaria Kavalan, parte do grupo King Car, foi fundada em 2005 e está localizada na ilha de Taiwan. Seus whiskies vêm ganhando grande reconhecimento internacional e demonstrando que whiskies de qualidade podem ser fabricados em países com pouca tradição na produção da bebida.

O single malt Kavalan Solist Vinho Barrique foi eleito o melhor whisky de 2015 pela Whisky Magazine. E essa preciosiade foi apreciada por nosso consultor em destilados Alexandre Campos e Mauricio Salvi do canal de youtube Whisky em Casa, como pode ser visto no vídeo que segue.

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Notas Dissonantes — Laphroaig Select

Por “O Cão Engarrafado”

Sem nenhuma dúvida, um dos maiores compositores da virada do século 19 foi Igor Stravinsky. Mais do que um excelente músico, o maestro desafiou dogmas seculares da música clássica. Seu trabalho revolucionou a estrutura rítmica da música erudita, e foi largamente responsável pela consagração do dodecafonismo e serialismo como técnicas de composição. Mas fique tranquilo, isso não é um texto sobre música clássica.

Além de gênio musical, Stravinsky era também um homem de bom gosto, e muito espirituoso. A prova disso é sua frase “Meu Deus, tanto gosto de beber whisky que as vezes penso que meu nome é Igor Stra-whisky”.

Mas nem sempre as coisas foram fáceis para Stra-whisky. Durante sua vida, muitos de seus trabalhos geraram enorme polêmica. A história mais conhecida é da estreia do ballet “A Sagração da Primavera”, que ocorreu em 1913 no Théâtre des Champs-Élysées de Paris, e foi uma das primeiras obras dissonantes do mundo. Já no início do espetáculo, a plateia assoviava e vaiava. Até que, em uma escalada de fazer inveja a qualquer torcida organizada de futebol, os ouvintes começaram a chutar-se mutuamente, aos berros, arrancando poltronas e as arremessando nas cabeças uns dos outros.

Enfim, um ballet tranquilo, com gente equilibrada.

Théâtre des Champs-Élysées depois do balé de Stravinsky

Um fenômeno parecido ocorreu recentemente com a Laphroaig, localizada na ilha de Islay, na Escócia, e famosa por seus whiskies com aroma defumado e bastante encorpados. No ano passado, a destilaria lançou o Laphroaig Select, uma versão mais democrática de sua obra já consagrada. E isso gerou muita polêmica entre seus fãs.

A maior crítica seria que a Laphroaig, ao invés de presentear seus fiéis com outra variação sobre o mesmo tema, teria preferido criar algo mais suave, menos encorpado e menos defumado. Um Laphroaig uma oitava acima. Na cabeça dos críticos, a ideia teria sido tentar agradar ao público ainda não fidelizado e aumentar as vendas da destilaria. Por conta disso, a reação de seus fãs foi também uma versão suavizada de “A Sagração da Primavera”. Sem descontrole físico-emocional e arremesso de cadeiras. Mas com muita gritaria.

No meu caso, a polêmica internacional despertou uma curiosidade quase doentia de experimentá-lo. Mas como sou fã de whiskies defumados, e especialmente da Laphroaig, imaginei que não passaria da primeira dose. Só que não foi o que aconteceu.

Se comparado às demais expressões da destilaria, o Laphroaig Select é, de fato, um whisky mais suave. Os aromas defumado e de maresia estão lá, só que mais discretos. E o sabor picante também, ainda que também suavizado, principalmente por conta da graduação alcoólica de apenas 40%. No entanto, o Select continua, sem dúvida nenhuma, a ser um Laphroaig. Tipo catupiry light. Continua sendo catupiry, só que mais leve.

Pensando bem, não. Catupiry light é qualquer coisa, menos catupiry.

Sério, o que é isso?

O Laphroaig Select é composto por um pouco de quase tudo que existe no atual portfólio da Laphroaig. Em sua fórmula estão o Laphroaig PX, maturado em barricas de ex-jerez, o QA Cask, que utiliza barricas de carvalho branco americano, o Triple Wood, que é uma versão do Quarter Cask maturada em barricas de jerez, bem como o clássico Laphroaig 10 anos. Estes whiskies, depois de combinados, são maturados em barricas virgens de carvalho americano.

É inegável que, assim como “A Sagração da Primavera” de Stravinsky o Laphroaig Select destoa dos demais whiskies da destilaria. Mas não vá lançando seu mobiliário nele só por conta disto. Experimente. Se você, como eu, é cachorro velho frente aos single malts de Islay, abaixe suas orelhas e reconheça: poucas vezes a Laphroaig produziu algo tão versátil sem comprometer a complexidade, e com um preço tão convidativo.

Agora, se você for um iniciante nos whiskies defumados, o Select é simplesmente imperdível para você. É sério. Se Igor tivesse experimentado, mudaria seu sobrenome para Laphro-vinsky.

Tipo: Single Malt sem idade definida
Destilaria: Laphroaig
Região: Islay
ABV: 40%

Notas de prova:

Aroma: medicinal e defumado, mas não tanto quanto o Laphroaig Quarter Cask ou o 18 anos. Aroma de madeira queimada e frutas cítricas.

Sabor: defumado e levemente cítrico (limão siciliano­), com capim santo, e final amargo e longo. Ao contrário da maioria dos Laphroaigs, há pouco defumado no sabor residual.

Com água: adicionando-se agua, o aroma defumado torna-se muito mais leve, e o limão siciliano fica mais evidente. O sabor de capim-santo também é ressaltado.

“O Cão Engarrafado” é Maurício Porto, advogado e colecionador de whisky. Seu interesse pelo destilado nasceu após uma viagem à Escócia, onde conheceu várias destilarias e o processo de fabricação de seus whiskies. Participou ainda de diversos cursos sobre a bebida, muitos organizados pela Single Malt Brasil (SMB) e pela Wine and Spirit Education Trust (WSET) de Londres. Assina o blog homônimo, “O Cão Engarrafado” (www.ocaoengarrafado.com.br).

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