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O novo manual do uísque

Por César Adames

ATÉ O MAIS TRADICIONAL DOS DESTILADOS ESTÁ SUJEITO A MUDANÇAS. CONHEÇA AS ATUAIS TENDÊNCIAS DESTE UNIVERSO.

A idade não importa (tanto)
O brasileiro consumiu 38,7 milhões de litros em 2012. Em 2013, o número aumentou 42%. E esse é um crescimento global. Como seria, então, possível para as destilarias estocar seus rótulos por 12, 15, 18 ou mais anos, se elas mal acompanham a demanda? A solução encontrada por algumas empresas foi tirar a idade de seus rótulos e substituí-la por outras denominações.

É o caso do Macallan, considerado por muitos o Rolls-Royce dos single malts. No final do ano passado, o Brasil recebeu a visita de Joy Elliot, embaixadora da marca, para o lançamento da linha 1824 Series com quatro rótulos: Gold, Amber, Sienna e Ruby, refletindo as cores reais dos uísques da série.

A criação é obra do mestre distiller Bob Dalgarno, que levou em conta a identificação da cor natural obtida no processo de maturação em diferentes tipos de barris enquanto o tipo de madeira definiu o sabor, do mais delicado até notas mais complexas como frutas secas. Comparativamente em termos de paladar, poderíamos dizer que o Gold representa um 10 anos, o Amber é um 12, o Sienna é um 15 e o Ruby, um 18 anos. Para o mercado brasileiro a empresa resolveu apostar no Amber e no Ruby, que já estão à venda.

Outra marca muito conhecida pelos apreciadores de single malt é a Talisker 10 anos, que recentemente lançou o Talisker Storm sem definição de idade no rótulo. As propriedades do uísque praticamente são as mesmas, um toque defumado no paladar e alto teor alcoólico, de 45,8%. Com essas duas características marcantes, é possível que o novo produto tenha de 7 a 9 anos de envelhecimento.

O barril não é mais o mesmo
O uísque sempre foi uma bebida previsível com relação aos ingredientes, destilação e até mesmo envelhecimento, sempre feito em barris de carvalho. Uma das pioneiras em mudar esse conceito foi a marca de single malt Glenmorangie, que já produz – além do tradicional envelhecido em barris de carvalho – versões que passam por barris de vinho do Porto, Jerez e até mesmo do vinho de sobremesa Sauternes. A mais recente criação da marca é o projeto Glenmorangie Cask Masters, em que os apreciadores estão interagindo no site da empresa e definindo todos os passos da criação de um novo single malt.

Dalmore King Alexander III envelhecido em seis tipos diferentes de barris

Em relação à escolha do tipo de barril, o ganhador foi o da variedade de vinho Manzanilla, produzido na Espanha. Os consumidores escolheram também o nome, o design da garrafa e até o evento de lançamento. Um fato relevante é que o Glenmorangie Ealanta foi considerado por Jim Murray, autor da Whisky Bible, o melhor single malt de 2013.

Já o single malt Dalmore King Alexander III Highland envelhece em seis tipos diferentes de barris ao longo de sua produção: um já usado para bourbons, outro para Jerez Oloroso Matusalem. Depois, passa por pipas de Porto, Madeira, Marsala e termina em barris utilizados previamente para envelhecer vinhos Cabernet Sauvignon de Bordeaux.

Novos sabores
Nos Estados Unidos, a tendência é outra: os produtores seguiram os de vodca e estão apostando na flavorização do produto. Quem começou foi a tradicional marca Jim Beam, quando surpreendeu o mercado com o Jim Beam Red Stag Black Cherry, com cerejas pretas. Como o sucesso foi grande, a destilaria lançou outra versão com sabor de mel e, mais recentemente, o Jim Beam Red Stag Spiced with Cinnamon, com especiarias e canela (tendo 40% de teor alcoólico).

O mel também foi eleito pela Jack Daniel’s, que resolveu lançar o Tennessee Honey, que na verdade é considerado licor, devido a seus 35% de teor alcoólico e à adição de açúcar. Porém, a fórmula resume-se a puro Jack Daniel’s e mel.

Pensa que é só um modismo? Pois saiba que a tradicional marca de uísque irlandesa Bushmills lançou uma versão com mel e a escocesa William Lawson, uma spiced. Sinal dos novos ventos que sopram no mundo do uísque.

Publicado na Revista GQ de 8 de abril: http://gq.globo.com/Prazeres/Bebidas/noticia/2014/04/o-novo-manual-do-uisque.html

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Guitarra de Whisky?

Matéria publicada originalmente no site “Planeta Sustentável” da Abril.

Para angariar fundos para uma instituição de caridade em sua cidade natal Eau Claire, em Wisconsin, nos EUA, o vocalista da banda folk norte-americana Bon Iver, Justin Vernon, escolheu uma ação bastante inusitada: criou uma guitarra feita de madeira de barris de whisky para ser leiloada no e-Bay. Convenhamos: este é um dos últimos itens que passam pela cabeça quando se fala em arrecadar dinheiro para fazer o bem, não?

Este projeto bastante especial foi criado pelo luthier Gordon Bischoff, e conta também com tampas de garrafa que fazem as vezes dos botões de volume. Se o fato de reaproveitar materiais e de o dinheiro ser usado para caridade não convencesse o comprador a dar um lance, o projeto tinha outro trunfo na manga: o corpo da guitarra tomou um “banho” de whisky para que ficasse com leve cheiro da bebida.

Mas, claro, além de ajudar uma instituição e reciclar resíduos para criar o instrumento, o vencedor dos prêmios “melhor novo artista” e “melhor álbum alternativo” no 54º Grammy Awards aproveitou o momento para fazer uma parceria com a destilaria irlandesa Bushmills e elaborar uma campanha publicitária. Tanto que a guitarra foi batizada de “The 1608”, em referência ao ano de criação da marca.

Abaixo, assista ao vídeo que mostra o processo de fabricação da guitarra:

Pensando em comprá-la? Pode tirar o cavalinho da chuva! O martelo do e-Bay já bateu e ela foi vendida por nada menos que US $ 9.400, o equivalente a R$ 19.500!

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