Arquivo da tag: Rum

O Melhor Rum do Mundo?

Por Alexandre Campos

O Melhor Rum do Mundo?

Foi o que poderia chamar de “amor ao primeiro gole”. Ainda me lembro da primeira vez que bebi o Diplomático nos idos de 2009 na The Whisky Exchange, a maior loja de destilados de Londres. Estava por lá para uma degustação de whisky, entre tantas que fui, quando o meu chará Alex, gerente da loja, me chamou e perguntou: “Alex, você conhece o Diplomático?”, ao que respondi: “não, é single malt?” e ele: “do mesmo nível”.

Entre uma dose e outra do Diplomático eu descobri também meu amor por um bom rum, e a paixão em especial, que dura até hoje, por esse exemplar venezuelano.

A versão que acabou de chegar ao Brasil não poderia ser melhor, Diplomático Botucal 12 anos — a mesma que me encantou na The Whisky Exchange. Claro que existem outras belas versões do Diplomático. Mas o Botucal, envelhecido por 12 anos, parece ser a que conjuga melhor complexidade, harmonia e equilíbrio. Não poderia ser por menos já que o Diplomático é destilado em alambiques de cobre, como os whiskies single malt, e envelhecido em barris de carvalho ex-bourbon e ex-jerez, também como os single malts.

O Diplomático é um ícone na Venezuela e um dos rums mais premiados do mundo. O nome Botucal vem da palavra indígena Botuka, que significa Colina Verde. Ele tem 40% de teor alcoólico, coloração de mogno e bem complexo no paladar, com toques de frutas secas, figo, mel, passas, baunilha e panetone.

Ainda faltam muitos rums para eu provar nessa vida, mas o Diplomático Botucal é o melhor que me deparei até hoje.

Publicado em Outras Bebidas | Com a tag , , | Deixar um comentário



Cachaça: Melhor que Whisky e Cognac?

Conforme matéria veiculada pelo jornal Folha de São Paulo, um estudo realizado na ESALQ/USP buscou comparar a cachaça ao whisky e cognac.

A pesquisadora Aline Marques Bortoletto criou uma cachaça nos laboratórios do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da ESALQ/USP. Ela foi avaliando a cachaça em várias etapas de sua maturação desde 2012 e submeteu a bebida a uma bateria de análises químicas e de cor, aroma, sabor e teor alcoólico.

 

A medida que a cachaça envelhecia era comparada a 20 diferentes marcas de whisky e cognac nos aspectos analisados. Tudo muito criterioso e acadêmico.

O resultado foi bastante interessante. Com apenas 1 ano e meio de maturação a cachaça superou os whiskies e cognacs em todos os aspectos pesquisados. Isso não quer dizer, entretanto, que a cachaça seja “superior” aos outros dois destilados, mas apenas que ela conseguiu: i) extrair mais componentes da madeira que impactaram positivamente a bebida e ii) adquirir menos contaminantes.

Somos um dos primeiros a valorizar nosso belo destilado, porém, cabem ressalvas de nossa parte ao estudo em questão. A primeira é em relação a “amostra”. Seria pertinente perguntar se as 20 versões escolhidas pela pesquisadora representam whiskies e cognacs de qualidade. Sabemos, por exemplo, que whiskies do tipo single malt apresentam normalmente características de aroma e sabores superiores aos blendeds. Assim como existem cachaças de qualidade duvidosa, existem também whiskies e cognacs de má qualidade.

A segunda ressalva está na questão do envelhecimento. A cachaça “controlada” em laboratório na ESALQ foi maturada em barris de primeiro uso de carvalho francês e americano. E é notório que o carvalho é a melhor madeira para envelhecimento de destilados, ainda mais o de primeiro uso que tem maior capacidade de impactar positivamente a bebida que barris de segundo e terceiro uso. E como ficam as cachaças envelhecidas em outras madeiras, que são a maioria no mercado?

A terceira ressalva é saber se nossos produtores conseguem reproduzir em uma escala maior o ambiente controlado do laboratório da ESALQ/USP.

Em que pese nossos questionamentos, achamos o estudo interessante e importante no aprimoramento de nossa grande bebida. Ao contrário do que muitos pensam, a cachaça tem sim um lugar garantido entre os melhores destilados do mundo. Quando produzida de forma correta e  bem envelhecida ela está, sem dúvida, no mesmo patamar de belos whiskies, cognacs e rums.

O passo a passo do estudo da pesquisadora Aline Marques Bortoletto, conforme publicado na Folha de São Paulo.

Publicado em Cachaças de Alambique, Curiosidades & Educação | Com a tag , , , | Deixar um comentário



Você Conhece o Rum Angostura?

Por Cesar Adames

Antes que você ache que Angostura é apenas marca de Bitter, fique sabendo que a  empresa produz um dos melhores Rums do mercado. A destilaria elabora seis estilos diferentes do Rum Angostura e dois estão desembarcando no Brasil: Angostura 5 anos e Angostura 1919.

A história da empresa começa em 1824, quando o médico alemão Dr. Johann Gottlieb Benjamim Siegert, cirurgião geral do exército de Simón Bolívar, criou o “Amargo Aromático” quando residia na cidade de Angostura, Venezuela, que hoje se chama Bolívar. O líquido com propriedades medicinais foi usado incialmente para curar problemas estomacais dos soldados de Bolívar.

Em 1875 Dr. Siegert e sua família se mudaram para a ilha de Trinidad, Trinidad & Tobago, onde a nova geração da família vive até hoje. Na época a pequena destilaria localizada em Port of Spain se chamava Dr. J.G.B. Siegert & Hijos. Em 1921 é formada a empresa Angostura Bitters Limited que passa a se chamar Angostura Limited em 1992.

Os bitters Angostura estão presentes em 164 países e são ingredientes indispensáveis em bares e restaurantes. Já os Rums Angostura receberam nas últimas décadas diversas medalhas de ouro em concursos internacionais e foram nomeados a linha de Rums mais premiada do mundo.

O Angostura 5 anos, que tem notas de chocolate, caramelo queimado, especiarias, baunilha e pode ser apreciado puro ou com gelo, além de ser perfeito para coquetéis.  Tem teor alcoólico de 40%.

Jé o Angostura 1919 celebra um importante marco na história do Rum em Trinidad & Tobago. Em 1932, após um incêndio nos armazéns de Rum do Governo o master blender da destilaria Fernandes Distillers, J.B. Fernandes, comprou os barris tostados que sobraram do incidente. Mais tarde ele descobriu que estes barris haviam sido enchidos com Rum no ano de 1919. A bebida vinda desses barris acabou recebendo diversos prêmios e foi chamada de 1919 Aged Rum.

O Angostura 1919 foi eleito como um dos melhores Rums do Caribe, por instituições como Wine and Spirit International, American Beverage Institute, The US Journal e Wine Enthusiast Magazine. Tem uma coloração âmbar dourada, aroma complexo com notas de cacau, melaço, caramelo, coco, baunilha, especiarias e amêndoas — perfeito para consumir puro. Tem também graduação alcoólica de 40%.

O clássico Angostura Aromatic Bitter tem uma fórmula secreta criada em 1824 e teor alcoólico de 44,7%. Já o Angostura Orange Bitter tem teor alcoólico de 28% e é feito com cascas de laranja maduras colhidas em Trinidad & Tobago.

Publicado em Outras Bebidas | Com a tag , | Deixar um comentário



Ultimate Spirits Challenge 2013: Resultados

Saíram os resultados do Ultimate Spirits Challenge 2013, realizado entre 11 e 15 de março na cidade de Nova Iorque.

Os jurados da competição dão notas às cegas aos destilados de acordo com o seguinte critério:
95-100 Extraordinário
90-94 Excelente
85-89 Muito bom
80-84 Bom

Seguem os vencedores nas principais categorias:
Vodka: Tahoe Blue, Estados Unidos, 40% ABV; Nota: 94
Gin: Fords, Reino Unido, 45% ABV; Nota: 96
Rum: Brugal Papa Andres, República Dominicana, 40% ABV; Nota: 98
Tequila Añejo, 100% Agave: IZCALI, México, 40% ABV; Nota: 96
Tequila Extra Añejo, 100% Agave: Casa Sauza XA Edición Limitada, México, 40% ABV; Nota: 95
American Whiskey: Balcones 1 Texas Single Malt, Estados Unidos, 53% ABV; Nota: 96
Bourbon: Blanton’s Single Barrel Straight Bourbon, Estados Unidos, 46.5% ABV; Nota: 97
Blended Irish Whiskey: Jameson 18 Years, Irlanda, 40% ABV; Nota: 97
Blended Scotch Whisky: Royal Salute 21 Years, Escócia, 40% ABV; Nota: 95
Single Malt Scotch Whisky: Highland Park 25 Years Old, Escócia, 45.7% ABV; Nota: 100
Cognac: Hardy XO, França, 40% ABV; Nota: 98
Licor: La Muse Verte, França, 68% ABV; Nota: 97

A lista completa com os resultados pode ser acessada no link: www.ultimate-beverage.com/the-results/2013-spirits-results/

Publicado em Eventos & Premiações | Com a tag , , , , , , , , , , , , , | 2 comentários



Angel’s Share — A Fatia dos Anjos

Parte do álcool se evapora quando destilados estão sendo envelhecendo em barris. A indústria chama o fenômeno de Angel’s Share (fatia dos anjos). Em climas frios a evaporação de álcool nos barris é menos acentuado que em lugares de climas quentes. Lembram-se das aulas de química do 2˚ grau que diziam que o ponto de ebulição do álcool (etanol) era de 78.4˚C? Portanto, mais álcool evaporará quanto maior for a temperatura do ambiente que o circunda.

Na Escócia estima-se que sejam perdidos algo entre 1.5% a 2% de álcool por ano dos barris envelhecendo Scotch, o mesmo ocorre na França com o Cognac, Armagnac e os Calvados. Em Kentucky, EUA, por ter um verão mais quente que o Europeu, a perda chega a algo como 5% por ano nos barris maturando Bourbon. E no Caribe, devido a um clima tropical todo o ano, perde-se mais que 5% ao ano de álcool dos barris envelhecendo Rum, o que deve ser o mesmo caso para a Tequila Añejo e para a nossa Cachaça Envelhecida.

Esses anjos gostam de um bom destilado!

Angel's_Share

Publicado em Curiosidades & Educação | Com a tag , , , , , , , , | Deixar um comentário



Drinking and Playing For Change

Um ano novo sempre renova nossas esperanças passando um clima de que dias melhores virão. E eles virão!

Não queremos fazer apologia ao uso do álcool de uma forma exagerada. Do contrário, acreditamos que as bebidas alcoólicas devam ser consumidas com responsabilidade e de uma maneira moderada. E além disso, álcool e direção é algo que, definitivamente, não combina.

É fato, porém, que as bebidas têm impacto benéfico à saúde quando apreciadas moderadamente, além de tornarem as pessoas mais sociáveis, e até mesmo mais sinceras, afinal, como diziam os romanos: “in vino veritas”. E são nessas características e nesse consumo responsável que nos focamos.

Mas se as bebidas aproximam as pessoas, a música as une, como podemos ver pelo projeto “Playing for Change” do engenheiro de som americano Mark Johnson. A ideia da iniciativa é conectar as pessoas através da música. São vários músicos de rua ao redor do mundo unindo e integrando pessoas de diferentes raças, crenças, culturas e opiniões. “No matter who you are, no matter where you go in your life, at some point, you go need somebody to stand by you”.

Nossas fronteiras e nossos muros estão cada vez menores — um dia falaremos a mesma língua. E apreciaremos os melhores destilados do mundo. Seja cachaça, whisky, cognac, rum ou tequila, o mais importantes é estarmos abertos a novas experiências etílicas e ao que o mundo tem a nos oferecer de melhor.

Publicado em Frases & Pensamentos | Com a tag , , , , , | Deixar um comentário



Saiba apreciar uma cachaça do jeito que só ela merece

Segue a íntegra do artigo escrito pelo nosso consultor, Alexandre Campos, publicado na revista Exame.

http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/comida-bebida/noticias/saiba-apreciar-uma-cachaca-do-jeito-que-so-ela-mecere

O artigo também já havia sido publicado na revista Alfa.

Cachaça de alambique se beneficia de nossa rica biodiversidade, sendo envelhecida com bons resultados em diversas madeiras além do carvalho

 

Não é difícil depararmos com textos dizendo que a cachaça é uma bebida que não deve nada a nenhuma outra. Há quem clame por menos preconceito e revele um sentimento ufanista da década de 60, afirmando que a cachaça é a única bebida genuinamente brasileira; por isso, temos de apreciá-la em detrimento dos destilados e fermentados “gringos”, e ponto final.

A discussão, via de regra, se perde em adjetivações nacionalistas e sentimentais, em que os participantes se esquecem de responder a perguntas básicas, como: Por que a cachaça não fica a dever a nenhuma outra bebida? Por que ela é especial? Enfim, por que a cachaça é uma bebida complexa?

Em primeiro lugar, entende-se por destilados complexos os que combinam dois métodos especiais de produção:

1. Destilação em alambiques de cobre (pot stills)
2. Maturação em barris de madeira

Diferentemente dos destiladores industriais — chamados também destiladores de coluna —, os alambiques de cobre conferem maior corpo, densidade, sabores e aromas aos destilados. E a maturação em barris confere uma gama ainda maior dessas desejáveis características ao produto final.

Dos inúmeros tipos de destilados existentes no mundo, apenas sete são produzidos pela combinação dos dois processos acima: armagnac, cachaça, calvado, cognac, rum, tequila e whisky. Sendo que o cognac é destilado apenas em alambiques de cobre, e a maioria dos armagnacs e calvados também.

Tudo bem que grande parte das cachaças, dos runs, das tequilas e dos whiskies são produzidos em larga escala em destiladores industriais. Mas quando esses destilados provêm de alambiques de cobre, com posterior maturação em barris, passamos a falar de bebidas especiais que merecem atenção e respeito.

A vodka, por exemplo, apesar de ser um destilado apreciado pela coquetelaria por sua versatilidade e neutralidade, não apresenta complexidade. Produzi-la é, de fato, muito simples. Basicamente, destila-se um mosto fermentado de batata, centeio, trigo ou uva em destiladores industriais, e a bebida já está pronta para consumo.

Alguns afirmam, equivocadamente, que a complexidade da vodka está em suas múltiplas destilações. Ora, se destilarmos uma bebida inúmeras vezes terminamos, no limite, com álcool puro, não é mesmo?

A complexidade em produzir um destilado não está, portanto, no número de destilações, mas sim em combinar a destilação em alambiques de cobre com o posterior envelhecimento em barris, ambos os processos requerendo técnicas e habilidades especiais de produção.

É certo que dois destilados se diferenciam dos demais, quanto à complexidade: o whisky single malt escocês e a cachaça de alambique (também conhecida como artesanal). Os dois são produzidos em alambiques de cobre. O primeiro se destaca, ainda, pela enorme variedade de barris de carvalho que se usam em sua maturação. Encontramos, por exemplo, single malts escoceses envelhecidos em barris de carvalho que maturaram previamente vinho jerez, vinho sauternes, vinho do porto, vinho tokaji, whiskey bourbon e por aí vai.

Já a cachaça de alambique se beneficia de nossa rica biodiversidade, sendo envelhecida com bons resultados em diversas madeiras além do carvalho, como amburana, bálsamo, cerejeira e ipê, entre outras. Até pau-brasil é usado para envelhecer cachaça!

A combinação alambique de cobre mais envelhecimento em barris é, portanto, crucial na produção de uma bebida complexa como a cachaça de alambique. E podemos citar excelentes exemplares produzidos em nossa terrinha como as cachaças Anísio Santiago, Salinas, Sapucaia, Vale Verde e Weber Haus.

Esquecemos os destilados de alambique de armagnac, calvado, cognac, rum e tequila? Não: trata-se, sem dúvida, de destilados complexos, mas com pouca variedade em termos de métodos de envelhecimento. O armagnac, calvado, e cognac são envelhecidos basicamente em barris de carvalho limousin e tronçais, e o rum e a tequila em barris de carvalho que maturaram previamente whiskey americano.

Ainda que reste muito por fazer em prol do desenvolvimento de cachaças premium, endossamos aqui a admiração e o valor que merecem as nossas cachaças de alambique. Podemos até dizer que a palavra “cachaceiro” deixou de ser ofensa, sendo aprimorada para “cachacier”, a que têm direito os poucos que, realmente, conhecem e sabem degustar a bebida que é a cara do Brasil.

Publicado em Cachaças de Alambique, Na Imprensa | Com a tag , , , , , , , , , , | Deixar um comentário