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Old Fashioned — O Mais Venerado Drink De Whiskey

Por Kennedy Nascimento

Primeiro lugar no The World’s Best Bars, e o drink mais consumido em todo o mundo, o Old-fashioned, que já foi chamado vulgarmente de “Bittered Sling”, talvez não seja o cocktail mais antigo, mas é com certeza o que está mais perto da definição original de cocktail.

Em 13 de maio de 1806 o jornal nova iorquino “The Balance and Columbian Repository” respondeu da seguinte forma a pergunta de um leitor sobre o que era cocktail: “…é um licor estimulante, composto de destilados, água, açúcar, e bitter’s”. Nascia então a base do Old-fashioned.

De acordo com um barman de Chicago, citado no “The Chicago Daily Tribune” em 1882, o whiskey de centeio (rye whiskey) era mais popular do que o Bourbon para se preparar o Old-fashined. E parece que a associação entre whiskey Bourbon com o drinque surgiu no Clube Pendennis em 1881, em Louisville, Kentucky, a partir da receita do barman do clube em homenagem ao coronel James E. Pepper, um famoso produtor de Bourbon. Mais tarde o coronel levou o drinque para o bar do hotel Waldorf-Astoria, em Nova Iorque, tornando-o famoso no mundo inteiro.

Por volta de volta em 1895, George J. Kappeler chamou o coquetel de Whiskey Old-Fashioned em seu livro “Modern American Drinks: How to Mix and Serve All Kinds of Cups and Drinks”. Ele preparava o drinque dissolvendo um torrão de açúcar com um pouco de água, adicionando em seguida duas pitadas de Angostura bitter, um pequeno pedaço de gelo, casca de limão e algo como 50ml de whiskey.

O mode de preparo do Old-fashioned pode gerar polêmica entre bartenders. Alguns adicionam um toque de Club soda, enquanto outros acrescentam um pouco de água a receita original. Mas o que realmente causa ira na classe é a adição de frutas, como uma cereja ou uma fatia de laranja, ao drinque. As receitas históricas falam apenas de um toque de limão à bebida.

Provavelmente as frutas se encontraram com o old-fashioned durante a “lei seca” para disfarçar o gosto ruim dos destilados que eram produzidos clandestinamente sem nehum controle de qualidade. O livro “Burke’s complete Cocktail and Drinking Recipes” de 1934, recomenda que frutas sejam maceradas junto com o açúcar e o bitter antes da adição de whiskey e gelo.

Pessoalmente eu prefiro o clássico Old-fashioned, sem frutas, mas reconheço que ambos têm seu valor.

Abaixo detalho o Old-Fashioned tradicional e com frutas. Pequenas quantidades de licores, como Curaçao e Maraschino, podem ser também usados na receita.

Saúde!

Whiskey Old-Fashioned
1 cubo de açúcar
3 pitadas de Angostura bitter
7,5 ml de água gelada
90 ml de whiskey de centeio (Rye Whiskey) ou Bourbon
1 casca de limão siciliano

Em um mixing glass adicione o açúcar, bitter, água e macere levemente para diluir o açúcar. Em seguida adicione whiskey e gelo mexa com uma colher de bar e verta com coage simples para um copo on the rocks com um grande cubo ou esfera de gelo. E por fim esprema uma casca de limão siciliano sobre o copo colocando-o finalmente junto à mistura.

Whiskey Old-Fashioned “Fruit style”
1 cubo de açúcar
3 pitadas de Angostura Bitter
2 cerejas maraschino
½ rodela de laranja
90 ml de whiskey de centeio (Rye Whiskey) ou Bourbon
1 casca de limão siciliano
1 casca de laranja bahia

Em um copo on the rocks macere o açúcar, bitters, cereja e laranja. Adicione o Whiskey e cubos de gelo. Esprema as cascas de laranja e limão sobre o copo e coloque-os na mistura mexendo com uma colher de bar.

Kennedy Nascimento é um jovem bartender do MyNY Bar que já disputou os primeiros lugares em competições internacionais com os melhores bartenders do mundo. O MyNY Bar, em São Paulo, é uma espécie de speakeasy, nome dado aos bares clandestinos que surgiram nos EUA após a declaração da Lei Seca, e foi eleito pela revista Whisky Magazine como um dos melhores bares de whisky do Brasil.

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Ultimate Spirits Challenge 2013: Resultados

Saíram os resultados do Ultimate Spirits Challenge 2013, realizado entre 11 e 15 de março na cidade de Nova Iorque.

Os jurados da competição dão notas às cegas aos destilados de acordo com o seguinte critério:
95-100 Extraordinário
90-94 Excelente
85-89 Muito bom
80-84 Bom

Seguem os vencedores nas principais categorias:
Vodka: Tahoe Blue, Estados Unidos, 40% ABV; Nota: 94
Gin: Fords, Reino Unido, 45% ABV; Nota: 96
Rum: Brugal Papa Andres, República Dominicana, 40% ABV; Nota: 98
Tequila Añejo, 100% Agave: IZCALI, México, 40% ABV; Nota: 96
Tequila Extra Añejo, 100% Agave: Casa Sauza XA Edición Limitada, México, 40% ABV; Nota: 95
American Whiskey: Balcones 1 Texas Single Malt, Estados Unidos, 53% ABV; Nota: 96
Bourbon: Blanton’s Single Barrel Straight Bourbon, Estados Unidos, 46.5% ABV; Nota: 97
Blended Irish Whiskey: Jameson 18 Years, Irlanda, 40% ABV; Nota: 97
Blended Scotch Whisky: Royal Salute 21 Years, Escócia, 40% ABV; Nota: 95
Single Malt Scotch Whisky: Highland Park 25 Years Old, Escócia, 45.7% ABV; Nota: 100
Cognac: Hardy XO, França, 40% ABV; Nota: 98
Licor: La Muse Verte, França, 68% ABV; Nota: 97

A lista completa com os resultados pode ser acessada no link: www.ultimate-beverage.com/the-results/2013-spirits-results/

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Campari do Brasil Lança Bourbon Wild Turkey e Tequila Espolòn

Em maio, a Campari do Brasil anunciará dois novos produtos que farão parte do seu portfólio premium no país: o Bourbon Whiskey americano Wild Turkey e a Tequila mexicana Espolòn.

A destilaria que produz o Bourbon foi fundada em 1869, mas a marca Wild Turkey só foi propriamente concebida em 1940, quando Thomas McCarthy, presidente do grupo Austin Nichols, sediado em New York e na época dono da destilaria, separou uma quantidade de whiskey, a pedido de seus amigos do clube de bridge, para acompanhar uma caça ao peru (turkey). Ele escolheu algumas garrafas e decorou-as com rótulos mostrando perus selvagens.

O Wild Turkey é feito à base de milho (como mando a regra para whiskies Bourbon), não contém corante e é envelhecido em barris de carvalho virgem, o que proporciona um sabor mais marcante e encorpado. Jim Murray, especialista em whiskey e autor do “Whisky Bible”, considera a versão Wild Turkey Rare Breed um dos melhores Bourbons já produzidos.

A Tequila Espolòn é sucesso há 20 anos no mercado internacional e chega ao Brasil nas versões Blanco e Reposado, esta última, envelhecida em barris de carvalho. A bebida é fabricada em uma das mais renomadas destilarias do México, a San Nicolas.

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Maker’s Mark — E Vamos Botar Água No Feijão

A demanda por whisky segue crescendo no mundo inteiro, principalmente nas chamadas economias emergentes de países com grandes mercados domésticos como China, Brasil, Índia e Rússia. E isto tem sido uma dor de cabeça, ainda que boa, para os produtores de whisky.

As pessoas com um mínimo conhecimento de economia sabem que normalmente a oferta não consegue acompanhar uma alta repentina de demanda dado que a capacidade instalada da indústria, por exemplo, não se expande da noite para o dia.

Ampliar a oferta, portanto, é um processo que demanda investimentos que maturam, em sua grande maioria, no médio e longo prazo. A situação é ainda mais complicada no que se refere a indústria do whisky, já que a bebida que está sendo envelhecida hoje em barris de carvalho levará anos para ser engarrafada e chegar aos consumidores ávidos por whisky.

Os produtores de whisky estão tentando se adaptar a essa nova realidade. Alguns subiram preços, em que pese a insatisfação dos consumidores, outros estão retirando as idades de envelhecimento dos rótulos das garrafas e ficando livres, em termos de legislação, para engarrafarem whiskies mais jovens misturados a whiskies mais velhos encurtando, dessa forma, o ciclo de produção e distribuição da bebida.

A novidade, entretanto, ficou por conta da Maker’s Mark que resolveu no mês passado reduzir de 45% para 42% o volume de álcool do seu tradicional Bourbon. É isso mesmo que estão pensando! Diluir o whisky com água para aumentar a oferta da bebida reduzindo ao mesmo tempo o seu teor alcoólico — a mesma tática que usamos de colocar água no feijão para acomodar convidados inesperados para a feijoada.

A chiadeira dos fiéis consumidores de Maker’s Mark foi geral. Fãs da destilaria questionaram a empresa, principalmente por meio de suas mídias socias, sobre a redução no teor alcoólico anunciada. O burburinho e a insatisfação foi tanta que a destilaria resolveu voltar atrás. Em uma mensagem no Twitter, a empresa disse a seus seguidores: “Você falou. Nós ouvimos.”

Que bom que a Maker’s Mark não vai mais “botar água no feijão”. Resta saber se as outras destilarias tentarão a mesma tática para satisfazer a demanda. Até lá só nos resta esperar ao som do clássico “Feijoada Completa” de Chico Buarque.

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Pato Donald & Zé Carioca Bebem Cachaça Juntos

Que Walt Disney era um gênio visionário não se discute. Em 1942 ele lançou Watercolor of Brazil (Aquarela do Brasil), um curta-metragem animado de 7 minutos  no qual no final o nosso Zé Carioca aparece tomando cachaça com seu novo amigo Pato Donald.

No desenho o Pato Donald se assusta um pouco com o poder alcoólico de nossa bebida — ele deve ter tomado a branquinha que sai direto do alambique a mais de 50% ABV. Mas o fato é que 70 anos mais tarde o sonho de Walt Disney se tornou realidade. Os EUA finalmente reconhecerão a cachaça, a partir de 11 de abril, como um produto de denominação de origem exclusiva do Brasil.

garrafas_cachaça

Brazilian Rum Não, Cachaça!

A medida significa basicamente duas coisas: i) nem um outro país, a não ser o Brasil obviamente, poderá comericalizar em terras yankees um destilado rotulado como “Cachaça” e ii) a cachaça não precisará mais ser vendida no mercado americano sob o nome genérico de “Brazilian Rum”.

A proposta tramitava no departamento de comércio americano desde abril do ano passado  quando a Presidente Dilma se encontrou nos EUA com o Presidente Barack Obama para discutirem temas de comércio.

O reconhecimento de nossa cachaça não veio de graça, contudo. Em troca, o Brasil estará reconhecendo o bourbon e o Tennessee whiskey como bebidas americanas típicas.

Segundo estimativas do Ibrac (Instituto Brasileiro da Cachaça), com a nova medida a cachaça poderá conseguir uma fatia entre 5% a 10% do mercado de rum nos EUA, o que representaria uma venda por ano entre 2 a 3 milhões de caixas da nossa bebida.

Esperamos que Pato Donald se acostume e tome gosto pelo nosso destilado.

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Angel’s Share — A Fatia dos Anjos

Parte do álcool se evapora quando destilados estão sendo envelhecendo em barris. A indústria chama o fenômeno de Angel’s Share (fatia dos anjos). Em climas frios a evaporação de álcool nos barris é menos acentuado que em lugares de climas quentes. Lembram-se das aulas de química do 2˚ grau que diziam que o ponto de ebulição do álcool (etanol) era de 78.4˚C? Portanto, mais álcool evaporará quanto maior for a temperatura do ambiente que o circunda.

Na Escócia estima-se que sejam perdidos algo entre 1.5% a 2% de álcool por ano dos barris envelhecendo Scotch, o mesmo ocorre na França com o Cognac, Armagnac e os Calvados. Em Kentucky, EUA, por ter um verão mais quente que o Europeu, a perda chega a algo como 5% por ano nos barris maturando Bourbon. E no Caribe, devido a um clima tropical todo o ano, perde-se mais que 5% ao ano de álcool dos barris envelhecendo Rum, o que deve ser o mesmo caso para a Tequila Añejo e para a nossa Cachaça Envelhecida.

Esses anjos gostam de um bom destilado!

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One Bourbon, One Scotch, One Beer

John Lee Hooker foi um dos mais influentes cantores americanos de Blues. Nasceu no dia 22 de agosto de 1917 em Coahoma County, Mississipi, e faleceu no dia 21 de junho de 2001 em Los Altos, Califórnia.

Sua marca registrada era o “talking blues”, ou “blues falado”, onde a canção é recitada.

John teve uma vasta carreira musical lançando vários álbuns e músicas, mas a que mais gostamos é “One Bourbon, Scotch, One Beer”. E não pergunte o porquê!

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Jack Daniel´s Rye Whiskey Unaged

E quem disse que whisky tem que ser envelhecido em barris? Ou melhor, quem disse que whiskey americano tem que ser maturado em barris de carvalho?

Alguns dizem, por exemplo, erradamente, que whiskey americano tem que ser maturado por no mínimo 2 anos em barris de carvalho antes de pode ser chamado oficialmente de whiskey. Bobagem! Mito! A exigência da idade mínima de 2 anos se aplica apenas aos whiskies chamados “straight”. Portanto, viu no rótulo de um whiskey americano a expressão “straight”, pode ter certeza que a bebida foi envelhecida por no mínimo 2 anos em barris de carvalho.

Jack Daniel's Rye Whiskey

O Jack Daniel’s, Tennessee whiskey, também não precisa ser envelhecido em barris. Fato comprovado pelo novo lançamento da destilaria: Jack Daniel´s Rye Whiskey Unaged. Um whiskey destilado a partir do mosto fermentado produzido de uma receita contendo 70% de centeio, 18% de milho e 12% de cevada maltada, que não viu a cor dos barris de carvalho.

Por enquanto, o novo lançamento será comercializado apenas no mercado americano. Uma pena já que muitos por aqui pensam que whisky sem envelhecimento não existe ou não merece consideração por se tratar de uma bebida não palatável. Não é o caso! O destilado original do whisk(e)y já contém muitos aromas e sabores interessantes aos paladares mais exigentes.

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Degustação de Jack Daniel’s

O vídeo a seguir é de uma degustação de Jack Daniel’s realizada na Adega Beal em Cascavel no Paraná.

A matéria aborda curiosidades e explicações relevantes sobre o JD. A única ressalva fica quanto a diferenciação entre os whiskies Tennessee e Bourbon.


Jack Daniel’s usa em sua produção o processo de filtragem conhecido como charcoal mellow ou Lincoln County Process. Mas, apesar da grande maioria dos produtores de Bourbon não usarem este tipo de filtragem na produção de seus whiskies, não existe nada na legislação do Bourbon que os proiba de usar esse processo de filtragem na fabricação de seus whiskies.

Atentem para o rótulo do Jim Beam’s Choice ao lado. Reparem na expressão “Charcoal Filtered” na base da garrafa. Pois é, Bourbon sendo filtrado em carvão de maple tree como o Jack Daniel’s.

De fato poderíamos enquadrar o Jack Daniel’s na categoria de Bourbon dado que: i) não existe nada na legislação que impeça os produtores de Bourbon de usarem o processo charcoal mellow; e ii) não existe legislação que obrigue o Tennessee whiskey a usar esse método de filtragem.

Às vezes, o universo do whisk(e)y não é tão simples quanto possa parecer.

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Últimos Mitos Sobre Whisky

Por Alexandre Campos

Doze é um número mítico e místico. Doze foram os deuses olímpicos do panteão, os apóstolos que seguiram Jesus, as tribos de Israel e os trabalhos de Hércules. E com doze mitos encerramos nossa seção mitológica sobre whisky.

O décimo mito é de que o whisky Bourbon tem que ser envelhecido em barris virgens de carvalho americano. A legislação americana diz que os barris têm de ser virgens e de carvalho. Entretanto, não faz nenhuma menção ao tipo de carvalho a ser usado. Dessa forma, carvalho europeu também pode ser usado no envelhecimento de whisky Bourbon. Porém, por uma questão econômica os produtores de Bourbon acabam usando o carvalho americano que é plantado e, como o próprio nome já diz, encontrado em território americano.

Bourbon Virginia Gentleman

E o nosso décimo primeiro mito fica com os que acreditam que whisky Bourbon só possa ser produzido no estado de Kentucky. Ainda que o estado de Kentucky seja o maior produtor, Bourbon é produzido em vários outros estados americanos. Como é o caso do Bourbon Virginia Gentleman, produzido no estado da Virginia.

Apenas Bourbon e Tennessee whisky são produzidos nos EUA. Décimo segundo mito! Existem whiskies de centeio (rye whisky), whiskies de milho (corn whisky) e até mesmo Single Malt whiskies sendo produzidos na terra do Presidente Barack Obama.

Será que Hércules tomou um whisky para relaxar depois dos seus Doze Trabalhos? Ao menos um vinho ele deve ter encarado depois de tanto esforço…

 

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